Um jejum de 14 horas feito duas vezes por semana pode ajudar
determinadas células do corpo a combater o câncer de forma mais eficiente. É o
que consta na descoberta do mais novo artigo científico da revista Immunity,
publicado no último dia 14.
Você já ouviu falar das células
exterminadoras naturais? No inglês, elas são chamadas de NK (Natural
Killer Cells). Elas desempenham um papel crucial na defesa do organismo contra
infecções virais e células tumorais, e os pesquisadores do Memorial Sloan
Kettering Cancer Center (MSK) perceberam que o jejum melhora sua capacidade de combate.
O que acontece, conforme explicam os autores
em comunicado, é que os tumores absorvem nutrientes essenciais, criando um
ambiente hostil, muitas vezes rico em lipídios que são prejudiciais para a
maioria das células do sistema imunológico.
No novo estudo, foi possível perceber que o
jejum reprograma essas células para sobreviver melhor nesse cenário.
Jejum fortalece as células
Para o estudo, os pesquisadores mantiveram
ratos com câncer em jejum durante 14 horas, duas
vezes por semana. Fora desse tempo, eles poderiam comer livremente entre os
jejuns.
Com o jejum, os níveis de glicose dos
ratos caíram e os ácidos graxos livres (que podem ser usados como fonte
alternativa de energia quando outros nutrientes estão baixos) aumentaram. Como
resultado, as células NK no baço dos ratos foram “reprogramadas”.
“Durante cada um desses ciclos de jejum, as células NK aprenderam a usar
esses ácidos graxos como fonte alternativa de energia. Isso realmente otimiza a
resposta anticancerígena”, explica a principal autora do estudo, Rebecca
Delconte.
Além de fornecer uma fonte alternativa de
energia, o jejum também fez com que as células NK se deslocassem para a medula
óssea onde foram expostas a níveis elevados de uma proteína sinalizadora
chamada Interleucina 12.
“Descobrimos que as células NK são
pré-preparadas para produzir mais citocinas dentro do tumor. E com a
reprogramação, são mais capazes de sobreviver no ambiente tumoral e se
especializarem para ter propriedades anticancerígenas melhoradas”, diz o comunicado.
