Segundo estudo realizado por eles em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), uma das substâncias presentes no veneno da serpente foi capaz de ativar o sistema imunológico de roedores para combater células tumorais.
A crotoxina se mostrou eficiente para modular as defesas do organismo dos animais e tem potencial para ser usada como imunoterápico contra diversos tipos de câncer.
Como foi feita a pesquisa?
Os camundongos tinham um carcinoma de Erlich, um tipo de tumor que acomete apenas ratos. Eles foram divididos em três grupos: os indivíduos do primeiro grupo foram tratados com placebo, os do segundo receberam uma dose baixa de crotoxina (0,9 micrograma por animal) e os participantes do último grupo tomaram uma dose maior (5 microgramas por animal).
“A presença da crotoxina estimulou o organismo a disparar substâncias cruciais para destruir células tumorais, como o óxido nítrico”, explicou a bioquímica Camila Lima Neves, autora principal do trabalho, em entrevista à Agência Fapesp. Ela observou a reação dos animais por 13 dias e avaliou a redução dos tumores.
O veneno contra o câncer
A dose menor levou a um aumento de 60% das células capazes de combater o câncer no organismo dos animais. O tumor nestes animais reduziu de volume em 27% no período. A dose maior foi ainda mais eficiente: levou a 35% de redução, mas também causou mudanças drásticas do sistema imune que podem ser perigosas a longo prazo.
A pesquisa foi publicada na revista Toxins em 2023. No texto, os pesquisadores falam que a toxina permitiu uma reeducação do sistema imune dos animais, que reagiu para combater o veneno e que, colateralmente, acabou aprendendo também a combater o câncer.
“Estamos estudando formas e combinações estruturais da crotoxina para encontrar uma que seja menos tóxica e mais efetiva no seu efeito imunomodulador e antitumoral”, completa a pesquisadora do Butantan Sandra Coccuzzo Sampaio, coordenadora do estudo.
Fonte: Portal Metrópoles
