Desde que surgiu a pandemia, e
com ela o isolamento social, intensificou-se um problema que atinge uma parcela
da população (principalmente homens): o vício em pornografia. A dependência em
conteúdo erótico pode ser descrita como uma busca obsessiva pelo prazer sexual
através da visualização de material pornográfico e/ou masturbação. Esta última,
quando associada à pornografia pode se tornar compulsiva, comprometendo o cotidiano
e as relações sociais.
O mineiro Valmir*, 29, casado
há três anos, admite passar entre 4 a 6 horas diariamente consumindo
pornografia na internet, aliado a masturbação. A esposa desconhece o vício, que
se agravou bastante com a pandemia: "Eu tinha muitos planos e a pandemia
atrapalhou, como estou ficando mais em casa, o vício aumentou. Já cheguei a me
masturbar 4 vezes em um dia".
Uma pesquisa realizada pela Netskope Security Cloud, empresa americana de software de segurança, apontou que no primeiro semestre de 2020 houve um aumento de 600% a sites pornográficos, em relação ao mesmo período em 2019. O relatório foi realizado com base em dados anônimos coletados pela Netskope.
Apesar de se enquadrar nesse
aumento durante a pandemia, Valmir acredita que o problema o acompanha desde os
18 anos, mas só se tornou uma questão agora, já que tem atrapalhado sua vida
sexual. Para ele, a pornografia e a masturbação substituem o desejo de fazer
sexo com a esposa, mas não teve coragem ainda de buscar ajuda ou falar a
respeito com ela.
Os problemas do excesso
Assim como uma droga, a
pornografia satisfaz um desejo imediato por meio da masturbação/orgasmo,
entretanto, o excesso pode trazer danos à saúde.
Para a psiquiatra Sônia Palma,
da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o vício em pornografia afeta o
desempenho nas relações sexuais, o tempo perdido com conteúdo erótico pode
acarretar um distanciamento da realidade e de seus compromissos diários,
gerando um maior isolamento social e agravando um quadro depressivo, além de
outros prejuízos. O que se iniciou como uma atividade prazerosa passa a ser
procurada cada vez mais, até um ponto em que sua rotina diária e convívio
social ficam prejudicados, de acordo com a psiquiatra.
O vício em pornografia também
pode ter relação com a ninfomania. Também chamado de satiríase, esse transtorno
psicológico em homens provoca um desejo exagerado por sexo, sem estar
relacionado ao aumento na quantidade de hormônios sexuais. O desejo avassalador
faz com que o homem tenha várias(os) parceiras(o) diferentes, sem sentir-se
satisfeito sexualmente. Na busca pelo prazer, também inclui a masturbação
frequente.