A decisão do presidente Jair Bolsonaro em participar de um evento
envolvendo um comboio militar nesta terça (10), mesmo dia que deve ser votada
na Câmara a PEC do voto impresso, mostra que a ala militar se sobrepôs à ala política
dentro do Planalto, segundo o analista de política da CNN Caio
Junqueira.
O analista reitera que ministros influentes do governo desconheciam a
passagem de blindados militares por Brasília, fato que foi evidenciado pela
imprensa no decorrer desta segunda-feira (9).
A Marinha do Brasil confirmou, em nota enviada à imprensa, que a
Operação Formosa 2021 será realizada e afirmou que 14 viaturas ficarão em exposição durante essa terça-feira
(10), em frente ao prédio da Marinha na Esplanada dos Ministérios.
Para o analista, todo o enredo de hoje, desde que a Marinha anunciou a
participação pela manhã na imprensa, leva a crer que com a confirmação do
evento que ficou um embate; a ala militar do governo se sobrepôs à ala politica
do governo. O episódio chama a atenção, inclusive, pela ausência do centrão e
da ala política neste momento.
Os partidos Psol e Rede protocolaram, nesta segunda-feira, uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para a suspensão de exibições
militares no Plano Piloto de Brasília, especialmente nas adjacências
do Palácio do Congresso Nacional.
Na visão do analista, o próprio governo avalia que o centrão
apresenta-se de forma a dominar tudo, inclusive a área fiscal. Entretanto, com
a decisão de receber militares que realizam um comboio que partiu do Rio de
Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro faz um sinal para a área militar.
Voto impresso
O presidente Jair Bolsonaro não deve deixar de insistir no discurso em
defesa ao voto impresso, entretanto, Bolsonaro deverá ser ponderado no que diz
respeito à "brigas políticas".
Na visão do analista político da CNN Caio Junqueira, dois
importantes nomes no cenário político devem ficar isentos de embates diretos
criados pelo presidente.
Pela personalidade do presidente é difícil imaginar que o enterro do
voto impresso acabará com a crise institucional, mas o presidente tem duas
pessoas que ele não pode brigar na República, uma é o procurador-geral da
República Augusto Aras, e outro é o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
A ponderação de Bolsonaro ao relacionar-se com Arthur Lira, por exemplo,
traz prudência considerando a quantidade de pedidos de impeachment na
competência de Lira.
Hoje ele briga com o Judiciário, mas não briga com o poder Legislativo.
Se a PEC do voto impresso for enterrada, seria beirar o suicídio o Bolsonaro
comprar uma briga com Arthur Lira, que tem mais de 130 pedidos de impeachment.
O presidente vai continuar o discurso do voto impresso, mas espera-se que
contra Arthur Lira ele vá tentar pelo menos moderar a relação.
