Na contramão de outros países, que têm buscado cada vez mais diminuir o
uso de agrotóxicos em suas plantações, o Brasil trabalha para ampliação do uso
de agrotóxicos mesmo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
não tenha concluído sobre o impacto do produto. Para se ter ideia do impacto do
uso de agrotóxico na população, o Ministério da Saúde publicou o Relatório
Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos.
Os dados mostram que a taxa de letalidade por intoxicação por agrotóxicos em
Sergipe ficou em 18,52, a maior do país, em 2015.
Ao se analisar os dados de letalidade no ano de 2014, destacaram-se Roraima
(15,38/100 mil hab.), Rondônia (14,58/100 mil hab.), Piauí (13,21/100 mil
hab.), Sergipe (9,84/100 mil hab.), Rio Grande do Sul (8,77/100 mil hab.) e
Ceará (7,34/100 mil hab.). Os dados podem indicar que a dose de exposição
nesses casos foi alta o suficiente para levar ao óbito e também pode indicar a
necessidade de melhorias no serviço de assistência prestado.
O relatório mostra ainda que no período de 2007 a 2015, foram notificados no
Brasil total de 84.206 casos de intoxicação por agrotóxicos. Quanto ao tipo de
agente tóxico, os raticidas foram os agrotóxicos mais utilizados (42,1%),
seguidos dos agrotóxicos de uso agrícola (36,5%), agrotóxicos domésticos
(11,4%), produtos veterinários (8%) e de uso em saúde pública (2%).
Com relação a faixa etária, a de 20 a 34 anos (36%) predominou, seguida da
faixa de 35 a 49 (22,6%) e da de 15 a 19 anos (12,1%), ou seja, a maioria
correspondente a população economicamente ativa. Ressalta-se também os casos de
intoxicação em crianças: quando somadas as faixas correspondentes a menos de 1
ano até 14 anos de idade, o resultado é de 16,9%.
O Ministério da Saúde reforça que a exposição a agrotóxicos pode causar quadros
de intoxicação leve, moderada ou grave, a depender da quantidade do produto
absorvido, do tempo de absorção, da toxicidade do produto e do tempo decorrido
entre a exposição e o atendimento médico. As consequências descritas na
literatura compreendem: alergias; distúrbios gastrintestinais, respiratórios,
endócrinos, reprodutivos e neurológicos; neoplasias; mortes acidentais;
suicídios; entre outros. Os grupos mais suscetíveis a esses efeitos são:
trabalhadores agrícolas, aplicadores de agrotóxicos, crianças, mulheres em
idade reprodutiva, grávidas e lactantes, idosos e indivíduos com
vulnerabilidade biológica e genética.
Grecy Andrade/Equipe JC
